LÍVIA BENOSSI MARCHI
Título da Dissertação: AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTIOXIDANTE E ATIVIDADE ANTIMICROBIANA EXTRATOS DE CASCAS DE ROMÃS (PUNICA GRANATUM L.) SUBMETIDAS A DOIS DIFERENTES MÉTODOS DE SECAGEM.
Orientador: Prof. Dr. Antônio Roberto Giriboni Monteiro
Data da Defesa: 06/03/2014
RESUMO GERAL
INTRODUÇÃO
A romã (Punica Granatum L.) é uma fruta originária do Oriente Médio, pertencente à família Punicaceae. É rica em compostos fenólicos que exibem forte atividade antioxidante in vitro. São popularmente consumidas nas formas in natura, sucos, alimentos como doces e geléias e extratos, os quais são utilizados como ingredientes botânicos na medicina natural e suplementos alimentares. As cascas de romã são consideradas partes não comestíveis ou subproduto, obtido durante o processamento do suco. É caracterizado pela presença significativa de polifenóis como elagitaninos, ácido elágico e ácido gálico e de flavonóides, os quais estão associados a propriedades biológicas, como agente antioxidante e antimicrobiano. As indústrias fabricantes de suco de romã geram grandes quantidades de subprodutos, os quais geram séria poluição ambiental além de agir como substrato para proliferação de insetos e microrganismos. As cascas de romã processadas possuem geralmente alta quantidade de umidade (aproximadamente 66,3%) e precisa ser removida antes da extração de produtos de alto valor agregado como flavonóides e taninos. A secagem tem sido sempre de grande importância para preservação de produtos e subprodutos da agricultura.
OBJETIVOS
Avaliar o potencial antioxidante e antimicrobiano de extratos aquoso e etanólico de cascas de romã, submetidas a dois métodos de secagem: convencional em estufa e liofilização.
MATERIAL E METODOS
As romãs foram adquiridas no comércio local de Maringá-Paraná-Brasil no mês de setembro de 2013. Imediatamente após a coleta, se aplicou o processo de higienização com água corrente e sanitização dos frutos com solução de hipoclorito de sódio a 20 ppm por 15 minutos. As cascas das romãs foram separadas manualmente, em pedaços de aproximadamente 2 centímetros e então lavadas com água deionizada e secas à temperatura ambiente e ao abrigo de luz, seguido de armazenamento em embalagem laminada à vácuo e congeladas a -20ºC até o momento de processo e análise. Para os processos de secagem foram utilizadas frações de 100 gramas de cascas de romãs, em triplicata. Na secagem em estufa, as amostras de cascas foram dispostas em bandejas descartáveis de alumínio, com espaços de aproximadamente 1 centímetro entre os pedaços e submetidas à secagem em desidratadora com circulação de ar (Pardal Tecnologia para Agro Indústria) nas temperaturas de 40˚C, 50˚C e 60˚C (± 1˚C), até que as cascas obtivessem atividade de água 0,3 e umidade com valor inferior a 3%, o equivalente ao período de secagem de 35, 18 e 12 horas, respectivamente. Para a liofilização, as cascas de romã foram processadas em liofilizador Alpha 1- 4 LD plus Christ, a -50˚C e 0,040 mbar, por um período de 24 horas, considerando os mesmos parâmetros de atividade e umidade para secagem em estufa. Após processadas, as cascas secas foram trituradas em moinho de facas (Marconi), padronizadas com granulometria 60 mesh e armazenadas em embalagem laminada a vácuo sob congelamento a -20˚C, até o momento de processamento e análise. A determinação da composição centesimal foi realizada segundo metodologia AOAC. Para a determinação de minerais foi utilizada extração por via seca, solubilizando-se as cinzas em 50 ml de ácido nítrico 2,5% e a leitura dos metais realizada por meio de Espectrômetro de Absorção Atômica, Varian - SPECTRAA-240FS. Para o preparo dos extratos foram homogeneizadas as cascas trituradas e os solventes água deionizada e solução etanólica a 80% na proporção 1:20, permanecendo a mistura em repouso por um período de 48 horas, ao abrigo da luz e em temperatura ambiente. O líquido de coloração amarela foi centrifugado (Centribio) a 3500 rpm por 15 minutos e o sobrenadante filtrado a vácuo, em funil de Büchner e filtro 0,5μm (Zeta Plus). O filtrado foi rotaevaporado (Büchi RE 120) a 50˚C, liofilizado e armazenado em frasco ambâr sob congelamento a -20˚C, sendo assim identificados: extrato aquoso de cascas liofilizadas (LA), extrato etanólico de cascas liofilzadas (LE), extrato aquoso (40A) e extrato etanólico (40E) de cascas secas a 40˚C, extrato aquoso (50A) e extrato etanólico (50E) de cascas secas a 50˚C e por fim, extrato aquoso (60A) e extrato etanólico (60E) de cascas secas a 60˚C. A determinação de compostos fenólicos totais foi realizada por meio de espectrofotometria, segundo método colorimétrico com reagente Folin-Ciocalteu, com padrão ácido gálico (20 a 200μmol/ml). A determinação da atividade antioxidante foi realizada através da captura do radical livre 2,2’-difenil-1-picrilhidrazil (DPPH). A atividade antioxidante é expressa em equivalente Trolox/g de extrato. Curva Trolox 0- 75μmol/L, R2: 0,997. A determinação da atividade antioxidante pela captura do radical 2,2-azino-bis-(3-etil-benzotiazolina-6-ácido sulfônico (ABTS). A atividade antioxidante é expressa em equivalente Trolox/g de extrato. Curva de calibração com Trolox (500- 2000 mMol/L). R2: 0,994. Para a avaliação da atividade antimicrobiana dos extratos aquoso e alcoólico de cascas de romãs, foram utilizados os microrganismos Escherichia coli ATCC 25922, Salmonella ATCC 14028 e Staphylococcus aureus ATCC 25923, segundo metodologia proposta pela Clinical and Laboratory Standards Institute, utilizando ampicilina como controle positivo. Neste ensaio foram utilizados extratos nas concentrações de 5000 a 625 μg/ml.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
As cascas de romãs in natura apresentaram um valor de atividade de água de 0,977. O rendimento do processo de secagem foi de 39,0% (± 0,35), 39,6% (± 1,5), 38,3% (± 0,81) e 32,6% (± 0,93) para as secagens em estufa a 40˚C, 50˚C, 60˚C e liofilização, respectivamente. O rendimento da extração aquosa e alcoólica em todos os tratamentos apresentou valores acima de 40%. Na análise centesimal obteve-se 65,35% de umidade, 3,34% de cinzas, 0,41% de lipídios, 3,13% de proteínas totais e 27,89% de carboidratods totais. Os minerais presentes nas cascas foram 11,66 mg/Kg de magnésio, 0,162mg/Kg de ferro, 0,067mg/Kg de cobre, 0,270mg/kg de manganês e 0,071mg/Kg de zinco. Os extratos de cascas de romã liofilizada apresentaram um maior conteúdo de compostos fenólicos totais e também uma maior atividade antioxidante em relação aos demais tratamentos por secagem convencional. Apesar destas perdas, os extratos não apresentaram ação bactericida contra E. coli e Salmonella typhimurium, mas apresentaram ação bactericida contra Staphylococcus aureus na concentração mínima de 625μg/ml de extratos aquoso e etanólicos.
CONCLUSÕES
Apesar das perdas significativas em teor de compostos fenólicos e perdas na capacidade antioxidante, a secagem por estufa apresentou maior rendimento e menor tempo de secagem e trata-se também de um processo de maior viabilidade econômica.
Palavras chaves: cascas de romã;
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